Pesquisas sobre a criminalidade infantil no Recife constatam o aumento da violência
Funase detalha, em estudo, perfil do menor infrator em Pernambuco
Medidas Socioeducativas plicados ao jovem infrator - Foto de divulgação |
Os dados da
pesquisa mostram que pontualmente existem 1.576 internos no Case. Entre eles
1.523 são do sexo masculino e 53 do feminino. Desse total, 64,8% são
considerados negros e pardos, é um total de 798 jovens. Os que comentem crimes
hediondos somam 14,2%. Nos atos de maior incidência, o crime de roubo fica em
primeiro lugar com 40,9%, tráfico 18,7%, e homicídio 16,9%.
Os adolescentes
que são levados às delegacias do menor infrator passam pelos trâmites legais e
são enviados para os locais de apoio, de onde são separados por faixa etária e
sexo. A unidade de Jaboatão dos Guararapes recebe meninos entre 12 e 16 anos;
em Abreu e Lima e Cabo de Santo Agostinho de jovens com idade entre 16 a 21
anos; e Case de Santa Luzia, em Areias, no Recife, recebe garotas de 12 a 18
anos.
Os
menores deveriam receber apoio dessas instituições, com atividades recreativas,
estudo e tratamento, mas, infelizmente, as unidades não têm estrutura para acomodar
tantos adolescentes. Ao invés disso, os internos passam o tempo sem fazer nada
em alas apertadas com outros infratores e ficando mais violentos. O mais forte
se torna líder do grupo, a decisão é dele sobre quem ficará responsável pela
faixa ou, no caso de um novato, cabe a ele aceitar ou não o adolescente. Porém
para ser integrante da equipe é necessário passar por uma sessão de tortura,
funciona como um teste para medir a força do concorrente. Além dessa realidade,
existe um mercado informal dentro dos Cases onde se vende de tudo, de biscoitos
a armas e drogas. A única que ainda tem condições adequadas de receber os
infratores é o Case de Jaboatão, mas, mesmo assim, como esses menores adquirem
tanta agressividade?
A ESCOLA DO CRIME
A Pontifica
Unidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) divulgou uma pesquisa elaborada
pelo Centro de Análise Econômicas e Sociais (Caes) sobre a realidade das
crianças que vivem nas violentas favelas do Recife, Pernambuco. A
crianças de 1 a 8 anos residentes nos bairros de Santo Amaro, Chão de Estrela e
Canal do Arruda, no Recife, responderam perguntas sobre criminalidade,
violência física e tráfico de drogas. Os dados revelam a influencia da
violência que esses pequenos recebem vem de dentro de casa.
De
acordo com a pesquisa, coordenada pelo professor Hemílio Santos, 75% das
crianças com 1 ano sofrem muito com a violência com a prática de bater, deixar
de castigo e gritar. A mãe aparece no topo dos agressores, logo após a avó, já
que em muitos casos ela acaba assumindo a criação dos netos. Apesar do pai
aparecer pouco na pesquisa isso não significar que ele seja pacífico. Pois
exige uma corrente de violência, por exemplo, se o pai bater na mulher e ela
agredir a criança, o pai também se torna um agressor em potencial.
De acordo com a pesquisa que entrevistaram 90
crianças entre 6 e 8 anos, mostra que desde cedo elas tem contato com a
violência. 37% dessa faixa etária afirmam ter visto alguém armado, sendo que
10% viram um adulto atirar muitas vezes. O dado de maior evidência é que 82%
dessas crianças presenciaram alguém sendo preso pela polícia nas ruas. O
tráfico de drogas também é um dos crimes mais presenciados pelas crianças, 36%
viu pessoas vendendo entorpecentes na comunidade.
As
respostas dessas crianças que vivem nas comunidades consideradas violentas
mostra que vários fatores podem levar esses pequenos inocentes a menor
infrator. A miséria social, estrutura emocional das famílias e a presença de
maus influenciadores pode facilitar a entrada dessas crianças na criminalidade.
Segundo o Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) prever na lei N° 8.069, de
13.07.1990, que: “É dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária”.
CIDADANIA NAS COMUNIDADES VIOLENTAS
Policiais
Militares criam ações de apoio aos moradores dos bairros da Zona Norte do
Recife, o projeto Amigos do 11° Batalhão da Polícia Militar (BPM) leva
educação, cultura, esporte e lazer com o objetivo de tirar crianças e
adolescentes das ruas e afastá-las da criminalidade.
A
equipe de orientadores são amigos de farda que se unem desde 2015 para realizar
esse trabalho nos 31 bairros atendidos pela corporação. As ações chegam em 15
comunidades e possuem mais de mil alunos inscritos. As aulas acontecem de
segunda a sábado, das 6h às 22h. Os policiais contam com o apoio da população
nesses locais.
A
ação oferece aulas de Jiu-Jítsu que acontecem na quadra da Escola Estadual
Lions de Parnamirim, nas segundas e quintas. Nas terças-feiras os adolescentes
e adultos se reúnem para jogar futebol no campo do Barreirão, em Dois unidos.
No bairro da
Macaxeira os moradores recebem aulas de Taekwondo todas as manhãs de
quartas-feiras. O esporte pode ser praticado por meninos e meninas com idade a
partir de 10 anos. Não precisa pagar taxa de inscrição ou mensalidade, a única
exigência é que os interessados estejam estudando em escolas regulares.
As
atividades voltadas à música acontecem no Alto da Foice, Bairro do Vasco da
Gama, apesar do nome da comunidade ser violenta, os moradores tem voz e alegria
que são entoados nos acordes de um violão, no gingo da percussão ou ao som da
bateria e teclado. As aulas de músicas são dadas a 30 alunos, numa sala ao lado
da Igreja Nossa Senhora de Fátima, todas as quartas-feiras no horário da manhã.
SERVIÇO
Amigos do 11° Batalhão da Polícia Militar (BPM)
Sede: Rua Apipucos n° 15, Bairro dos Apipucos, Recife – PE.
Sede: Rua Apipucos n° 15, Bairro dos Apipucos, Recife – PE.
Atendimento: Segunda a Sábado
Contato: (81) 3183-5474.
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